Não é nenhuma novidade que o segredo de uma alimentação de fato saudável é o equilíbrio. Mas, do ponto de vista emocional, como trabalhar a culpa quando você sente vontade de sair um pouco do seu plano alimentar? Será que essa culpa é benéfica ou prejudicial para a relação que você nutre com a comida?
Culpa: vilã ou aliada da dieta?
A culpa é um dos sentimentos mais “agudos” que existe. É possível dizer que a culpa, muitas vezes, consegue ser até mais desafiadora que a raiva ou o ciúmes, por exemplo.
Isso acontece porque a culpa só encontra espaço para se instalar, quando a gente admite que ela tem razão de ser. Para culpa existir ela precisa que a gente fale: “puts, exagerei, não cumpri um combinado que eu fiz comigo mesmo e invariavelmente eu vou sofrer com as consequências disso…E pior: fui eu quem provoquei essas consequências…”
Esse desconforto ocasionado pela culpa precisa da nossa permissão. Certamente você já se viu em uma situação como essa em algum momento, certo?
Porém, a boa notícia disso é: se você sente essa culpa, significa que você ultrapassou uma barreira muito importante. Você ampliou o seu prisma, a sua percepção. Então, você é capaz de entender que existem consequências e que você sabe exatamente onde está o seu erro, o seu deslize….E é justamente aí que mora a virada de chave.
A partir do momento que a culpa se instala existem dois caminhos possíveis: essa culpa pode funcionar como uma sabotadora e isso faz com que você pense assim: “Como eu já comi um bombom e estraguei tudo, eu vou pedir uma pizza de quatro queijos pingando óleo…”
Esse comportamento, na realidade, é uma forma de “autopunição” – muitas vezes inconsciente -, por ter errado, por ter dado um passo para fora da trilha. O que faz com você acabe saindo completamente da rota por causa de um pequeno tropeço.
Talvez seja por isso que existe aquele ditado popular: “comer com culpa engorda o dobro…” Essa sensação pode fazer com que você realmente coma mais ainda.
A culpa em um viés mais positivo
Já o segundo caminho é entender essa culpa como algo produtivo. Aliás, qualquer emoção é produtiva. A raiva por exemplo, tem um poder transformador gigantesco quando é bem canalizada. Mas pra que isso aconteça, é preciso olhar para a faceta mais inteligente dessa raiva.
Ou seja: você pode canalizar essa raiva numa explosão desmedida, como também você pode canalizar essa mesma raiva correndo 40 minutos em uma esteira. A emoção é a mesma, o que muda é a maneira como você lida com ela. E isso é uma questão de escolha.
A mesma coisa acontece com a culpa. Até certo ponto, a culpa tem razão de ser. Temos que entender a culpa com um interruptor que a gente aperta no meio da noite para poder enxergar e encontrar algo que precisamos naquele momento. Mas depois que a gente encontra, que enxerga esse deslize, esse erro…Ela não precisa ficar acesa o resto da noite e do dia, né? Isso só serviria para gastar energia e mais nada.
Ou seja: a culpa esclarece algo que tem que ser visto, ou nos mostra quando algo precisa ser feito e pronto, cumpriu o papel dela. Se ela permanecer, só vai minar sua energia e agir contra os seus objetivos.
Como trabalhar a nossa mente para se permitir sair da dieta sem arruiná-la completamente?
Entendendo que certas “permissões” são fundamentais para viver uma vida de forma equilibrada.
Na hora de formular uma meta, um objetivo, a regra número zero é entender sempre por que você faz o que está fazendo. É isso que garante o sucesso de qualquer objetivo que você deseja alcançar. Para ter uma alimentação mais saudável não é diferente. Garantir a motivação para seguir em frente e para voltar “pros trilhos” depois de algum deslize pontual, depende muito da capacidade para formular metas de uma forma mais realista.
Quando queremos conquistar algo, existe uma tendência em estabelecer prazos irreais e pouco factíveis. E isso vale também para um processo de reeducação alimentar. Uma rotina disciplinada também pede momentos de descanso. Ou seja: a quebra de rotina também pode fazer parte da rotina.
O que é sempre muito rígido, tem uma certa tendência em se quebrar com mais facilidade, certo? Para manter a disciplina, é importante não abrir mão de ser maleável em certos momentos. Sabe aquela “licença poética” para poder comemorar o aniversário de um amigo e comer um pedaço de bolo sem culpa? Ou então estar em uma mesa com a família em um almoço de domingo? Se permitir comer algo que você gosta e que te dá prazer de vez em quando também faz parte de uma vida emocionalmente equilibrada.