Como esse novo cenário mundial provocado pela Covid-19 tem afetado a sua saúde emocional? Você tem dedicado um tempo para se auto-observar? Em poucos meses, a rotina da maioria das pessoas se transformou completamente. Por isso, o artigo de hoje propõe uma reflexão sobre maneiras para se adaptar no meio desse turbilhão emocional que enfrentamos.
Covid-19 e os desafios emocionais
Quantos desafios ao mesmo tempo, né? Estamos todos tendo que aprender e se adaptar à rotina de trabalhar em casa, ficar afastado do convívio social, lidar com essa vulnerabilidade e tantas incertezas que são provocadas por essa crise sem precedentes na nossa geração.
Em um artigo do Yuval Noah Harari (professor israelense e autor de Sapiens: Uma breve história da humanidade) para o El País, ele fala uma frase muito interessante “O antídoto contra a epidemia é a cooperação”. No texto, ele traz todo um panorama das principais epidemias que a humanidade já enfrentou e mostra como a história indica que a proteção se obtém com a solidariedade mundial. E com a Covid-19 não seria diferente.
E é engraçado como nós olhamos para o macro numa situação como essa, mas muitas vezes não conseguimos olhar para o micro. Para nós mesmos e para os detalhes que fazem toda diferença em um momento como esse. Percebemos uma onda de solidariedade e empatia que partem de empresas, de pessoas públicas ou anônimas.
Porém, muitas vezes, não conseguimos ser solidários e empáticos com nós mesmos e nos punimos nos entregando a ansiedade, ao estresse e a tensão e isso pode gerar um desgaste emocional e danos muito maiores, como se já não tivéssemos problemas o suficiente.
Acolha suas emoções
A humanidade está se reinventando e esse é um caminho sem volta. Tivemos que sair de uma “zona confortável” e encarar algo totalmente desconhecido e isso não é agradável para maioria das pessoas. Nessa hora, temos dois caminhos: ou nós nos entregamos ao negacionismo ou encaramos esse desconforto.
E o primeiro passo é entender que para fazer uma gestão coerente das nossas emoções, nós não podemos anulá-las. Ou seja: tudo bem não estar tudo bem!
Nós somos condicionados a negar ou reprimir nossas emoções desde a infância. Quantas vezes na vida você já ouviu: “não fica triste” ou então “chorar não adianta nada”. Já reparou como não damos nenhuma credibilidade para a tristeza e desejamos que ela acabe instantaneamente.
Durante grande parte da nossa formação, nos ensinam que devemos, a todo custo, esconder que estamos tristes. A sociedade de maneira geral nos condiciona a ignorar a tristeza de forma veemente.
Isso acontece, em parte, porque nesta era em que vivemos – dos filtros e receitas prontas e plastificadas para ser feliz, ser saudável e ter sucesso-, estar triste é confirmar uma “fraqueza” que a maioria das pessoas se envergonha. Com isso acabamos reprimindo a nossa dor e, de forma inconsciente, nós a alimentamos em segredo.
Raiva e tristeza
Só que, neste momento específico, não tem jeito, né? Uma hora ou outra vamos ter que encarar essa tristeza. Seja pelo isolamento, pelas incertezas econômicas, ou pelo que for… Nós precisamos acessar essa emoção! Quanto mais a gente foge, maior ela vai ficando.
Toda e qualquer emoção tem a sua função e razão de ser. Estar triste é algo que ajuda a encerrar o que precisa ser encerrado. Por isso, acolha sua tristeza e dê um prazo pra que ela permaneça com você. Isso traz maturidade e amplia seu repertório emocional.
Do mesmo jeito ocorre com a raiva: ninguém conta pra gente que a raiva é importante para nos mover em direção às mudanças necessárias. Ela pode nos colocar em movimento diante de uma frustração.
A raiva não precisa, necessariamente, ser uma emoção negativa. Ao contrário: se você aprender a direcioná-la, ela serve como uma energia expansiva. Quando a raiva é construtiva, em vez de manifestá-la por meio da agressividade, você passa a usá-la como uma fonte de movimento para mudar o que precisa ser mudado.
A Inteligência Emocional como bandeira
Não queremos“romantizar” esse período delicado e desafiador que enfrentamos. Mas podemos olhar sob uma outra perspectiva: essa crise tem algo a nos ensinar e, entre tantas outras coisas, um desses ensinamentos é perceber como essa pausa pode ser útil para entrar em contato com o nosso mundo interno. Como isso pode funcionar como um mergulho, mas também como um respiro e muitas reflexões podem surgir daí.
Nós, do Instituto Douglas Maluf, acreditamos que a Inteligência Emocional será uma das bandeiras que vai nos ajudar a atravessar essa crise provocada pela Covid-19. Assim, chegaremos na outra margem mais fortes. Quem sabe isso não veio para “desenhar” uma sociedade com indivíduos conscientes emocionalmente, com mais responsabilidade social e com estratégias para resolver problemas de forma mais criativa. #vaipassar